6 de maio - Rouen - a cidade onde Joana D'Arc foi queimada

Acordei cedíssimo por conta da hora do trem e tive que deixar para tomar o café da manhã na estação. Para enganar a fome comprei um croissant e um café para comer no trem, o que dava para distrair o estômago por algum tempo, pelo menos durante a minha leitura histórica sobre Rouen, para ter uma idéia do que iria ver e o que seria mais interessante de visitar. A vista do trem ajudou bastante na leitura, porque não é nada interessante ou bonita. O trem vai seguindo o rio Sena, e tudo tem cara ou de subúrbio ou de zona industrial.

Enquanto fazia minha leitura e estudava o mapa da cidade percebi que ele era limitado apenas ao centro histórico da cidade, portanto não tinha a estação de trem. Fiquei preocupada, como iria me achar quando chegasse lá?
Quando o trem chegou, antes de resolver meu problema de localização dei um pulinho no banheiro, porque no balanço do trem não me parecia uma boa idéia atender a esse chamado da natureza, e, como sempre, tive que pagar os €0,40 para usá-lo.

Vale fazer uma pequena observação sobre os banheiros que encontrei pela Europa: a não ser que sejam dentro de estabelecimentos, ou eles são pagos ou são inutilizáveis. Os pagos costumam ser maravilhosos, nunca faltando água ou papel e sempre muito limpos. Os gratuitos são... bom... imagine um banheiro daqueles bem ruins de posto de gasolina, só que sem as baratas (elas devem ter morrido congeladas no inverno) e certamente sem papel. Como o preço para usar um banheiro nunca é exorbitante, vale muito a pena pagar uns centavinhos pelo conforto.

Fui então ao balcão de informações descobrir onde ficava a estação no meu mapa: saindo de lá era só seguir a Rue Joanne D'Arc (que aparentemente corta toda a cidade) e virar na rua do Gros Horloge (grande relógio) para chegar no Office de Turisme. Como essa rua tinha no meu mapa fiquei mais tranqüila e comecei a caminhada.
Eu havia programado um bom walking tour para esse dia e ele partia da catedral, em frente ao Office, então me segurei para não tirar fotos até chegar lá, para não ficar com fotos repetidas no fim do dia, foi uma tarefa muito difícil, mas eu consegui! No meio do caminho achei uma loja de fotografia aberta e aproveitei para parar e esvaziar o meu chip, afinal ainda não estava nem no meio da viagem e um dos meus 2 chips de 2 gigas já estava no final. Foi o dvd mais caro que eu já paguei na minha vida, mas como estava precisando e não sabia se seria fácil encontrar outra loja paguei assim mesmo. O chato mesmo nem foi isso, foi que eles ficaram com o meu adaptador e por conta disso eu tive que me virar com um chip mais antigo, de apenas 176 megas, que ainda por cima, para o meu azar, estava com umas 30 fotos dentro que eu havia me esquecido de tirar nem sei há quanto tempo. Fazer o quê? Hoje iria economizar foto. O que é uma tarefa muito difícil, apesar das casas medievais em madeira de Rouen serem muito parecidas (do meu pobre conhecimento arquitetônico são iguais mesmo) com as de Rennes e do Mont Saint-Michel (apesar desse último ter um charme indescritível que faz até a grama parecer especial).
Saindo da loja dei de cara com o tal grande relógio e fiquei embasbacada... ele é lindo de morrer... mas me segurei firme e fui em frente, pois mais tarde eu o veria com calma no meu walking tour.
Chegando na praça da Catedral você só consegue pensar em duas coisas: o estilo gótico é mesmo maravilhoso e... Monet. Sim, porque ele pintou uma famosa série de quadros dessa catedral nas diversas horas do dia para captar a diferença da luz do sol, e, adivinha: ele usou como estúdio para essas pinturas um dos quartos do prédio onde hoje fica o ofício de turismo de Rouen. Na época o tal quarto era uma loja de lingerie feminina, mas ele convenceu ($$$) o dono que ele queria mesmo era pintar a catedral e não ver as clientes, que ele jurou não incomodar.
Entrei no Office de Turisme para pegar um aparelho de audio-guide, e passei um papo nos atendentes que só queriam me ceder o aparelho se eu deixasse meu passaporte. Tive que explicar que eu não podia deixar meu documento lá porque era o único que eu tinha comigo, mas que o meu trem saía razoavelmente cedo e por isso eles não precisavam se preocupar, eu devolveria o bichinho. Nada como estar na Europa, eles acreditaram em mim e me liberaram.

Outro comentário importante: para quem for a Rouen alugue um audio-guide, que é muito bom e muito prático! Você vai andando pela cidade carregando ele e em alguns pontos ele tem uma gravação explicando tudo, essa gravação você acessa apertando o número correspondente ao lugar onde você está. Não precisa seguir ordem nenhuma, é só olhar num mapinha que vem com o aparelho o número certinho e pronto!

Fui então para a frente da catedral esperar um "petit train", que eu queria andar antes de visitar a cidade por mim mesma. A primeira saída estava marcada para 10h, mas eu fiquei esperando até 10:10h sem nenhum sinal dele (sim, existem atrasos na França, afinal eles não são ingleses), e acabei por desistir desse passeio e resolvi começar minha caminhada auto-audio-guiada, começando obviamente pela catedral, que é mesmo de tirar o fôlego.
Sua construção, pelo menos da parte gótica, começou em 1145 pela torre norte (torre Saint-Romain), a outra torre chamada "tour de beurre" (torre de manteiga) foi contruída 300 anos depois e seu nome é de origem controversa (não se sabe se é por conta da cor amarelada da sua pedra ou se é porque ela foi construída com dinheiro das indulgências daqueles que pecavam comendo manteiga - isso foi considerado pecado durante algum tempo em Rouen, aparentemente porque a manteiga ficou em falta). A nave ainda contem alguns elementos da antiga igreja romana e possui 3 gisants muito curiosos (para os desinformados são estátuas deitadas representando o morto cujo túmulo fica logo embaixo da estátua): um do Ricardo Coração de Leão, que, dizem, contem o seu coração; do grande herói francês de origem viking Rollon, que está vazia; e de Henri le Jeune, irmão de Ricardo e de Guillaume Ier de Normandie, filho de Rollon. Dentro da catedral há ainda uma bela capela dedicada a Joana d'Arc, onde há uma linda espada, obviamente não original.
Saí da catedral por uma porta lateral para entrar na Rue Saint Romain, uma das mais antigas da cidade, repleta de casas dos séculos XIII, XIV, XV, XVI, XVII, XVIII e XIX. Nessa rua se encontra o atelier de Ferdinand Marrou importante artista do início do século XX, trabalhando no grande relógio e também na catedral, e mais um monte de casas belíssimas... se você bobear não vê mais nada na cidade.
Essa rua dá numa igreja linda, chamada Église Saint-Maclou, que infelizmente estava fechada. Perto dessa igreja fica um dos lugares mais exóticos que já visitei, e que foi difícil de achar, porque sua entrada é muito escondida: o aître Saint-Maclou. Hoje ele abriga a Escola de Belas Artes, mas na verdade é um antigo cemitério usado durante a peste negra de 1348. Mais tarde, no século XVI foram construídas as galerias que ficam em torno do atual jardim para servirem de ossuário, e a Escola hoje fica nessas galerias. Por conta de sua história e propósito sua decoração é, pode-se considerar, macabra, com muitos ossos e crânios, com figuras que fazem a chamada dança macabra (entre as figuras pode-se ver a própria morte, homens, mulheres, doentes, crianças e até mesmo padres e bispos, todos em forma de esqueletos), uma alegoria de origem medieval que mostra a morte liderando as pessoas em todas as fases da vida para a cova. Bem apropriado não? Numa das paredes há uma espécie de mostruário com um gato mumificado que foi achado numa das paredes da Escola... apesar disso tudo, o aître é um lugar muito agradável e bonito. Visita imperdível.
Saindo do aître fui para a rua Damiette, que também é linda, e cuja entrada fica de frente para a fonte com os meninos mijões da igreja Saint-Maclou, e na esquina tem a casa mais torta que eu já vi na vida. Dá até medo de passar do lado dela, porque parece que ela vai cair a qualquer momento. Essa bela rua é cheia de cafés charmosos, que me fizeram lembrar da minha fome, afinal eu só tinha comido um croissant e um copinho de café, mas ainda era muito cedo e estavam todos fechados. Resolvi continuar mais um pouco, e se eu percebesse que os restaurantes estavam escasseando eu iria voltar.
A rue Damiette leva a outra rua muito linda, a Rue Eau de Robec , um antigo rio muito importante para a cidade (um dos braços do Sena que corta Rouen), que depois de uma reforma higiênica foi tornado subterrâneo, mas deixaram um filete d'água na superfície, com muitas mini-pontes para marcar onde ele passava. Hoje é uma linda rua limpa e iluminada, com uma mistura bizarra muito comum na Europa de novo e antigo, o que é de se esperar de uma cidade que tem muitos prédios cujo século de construção pode variar até conforme o andar do qual você está falando.
Nessa hora resolvi que não dava mais, eu precisava comer urgentemente. Voltei a rua Damiette e fiquei esperando o restaurante que eu escolhi abrir. Foi muito em conta, por 15 euros eu comi: uma entrada de moluscos gratinados na manteiga com alho (os deuses do Olimpo ficariam com inveja desse prato); presunto ao vinho porto com batata frita; pêra cozida com sorvete de creme e calda de chocolate; e o preço ainda incluía uma cerveja. Comi devagar e até não agüentar mais. Mandando a fome pro aître saint-maclou, pude continuar meu tour.
Fui andando até a Abbayae de Saint-Ouen, uma igreja gótica também, mas que ainda estava fechada. O que era bom, porque assim eu tive tempo para apreciar os belíssimos jardins a sua volta, com uma grama no seu auge do verde e cheia de flores (sim a grama européia dá flor!). Assim como no campo de marte em Paris, aqui as pessoas vão passar suas horas livres sentadas na grama, ao sol, comendo, conversando, fumando e lendo. Aproveitei para dar uma volta, sentir o sol, ver a bela paisagem e os restos de alguma construção anterior (provavelmente os resquícios do monastério beneditino). Aproveitei também para lembrar que foi aqui, no cemitério dessa abadia, que Joana D'Arc foi submetida à prova de abjuração em 1431, e no mesmo lugar, em 1456 ela foi reabilitada. História muito trágica e heróica a dessa virgem.
A igreja finalmente abriu, 15 minutos mais tarde do que o indicado na porta (mais um atraso para contabilizar na viagem... ainda seriam muitos), mas valeu a pena esperar. É a igreja gótica mais iluminada que eu já vi, apesar de ser menor que a catedral ela aparenta ser maior, porque nos espaços onde deveria have capelas, aqui tudo faz parte da nave, sem divisórias, dando o efeito de amplitude, que fica ainda mais intenso por conta da luz e dos seus pilares mais finos que o comum. Enfim, é uma jóia, que náo dá para apreciar por completo, pois a parte das capelas em torno do altar são proibidas ao público. Uma pena. Mas vale mesmo assim.
Saindo de lá, fui até a Place Saint-Amand onde há um busto de Monet e também é uma gracinha, cheia daquelas casas antigas... incrível como não dá para cansar dessas construções! Fui então ver um tipo de construção que eu não sabia que existia: um prédio gótico de uso civil (eu achava que eram apenas igrejas): o Parlement. Ele realmente parece uma igreja... não tem como dissociar... A construção fica num antigo bairro judeu da cidade, que foi demolido e o prédio foi construído por cima de um monumento judeu, o único com vestígios na Europa (por mais que eu não tenha conseguido ver nada lá, sei que estão em algum lugar). Hoje é um bairro com muito comércio.
No caminho para o meu próximo ponto de visita, aproveitei para pegar meu chip e o dvd com as fotos, foi caro, mas pelo menos o trabalho era mesmo muito chique, com uma capinha muito bonita da loja.
Pude seguir então para o local onde Joana D'Arc foi queimada: o Grand Marché. Era o local mais animado da antiga cidade medieval: o mercado! Não foi a toa que escolheram essa praça para queimar Joana viva. Hoje o mercado fica dentro de uma construção muito modernosa, de telhado meio torto e muito estiloso. No local onde Joana foi queimada há uma cruz imensa, que marca a altura da fogueira, e um pequeno sítio arqueológico, com tudo o que restou da fogueira: o pilori, a pira e o muro que separava a platéia do fogo. Logo atrás desse sítio e da cruz, há uma igreja construída em 1979 com 3 finalidades: reverenciar a santa, memorial civil para celebrar a heroína e um lugar para conservar os vitrais da antiga igreja Saint-Vicent, destruída em 1944.
A igreja, mesmo sendo moderna, é uma das mais bonitas que já vi, e a única em forma de arena. Foi onde acendi minha primeira vela na viagem, porque não dá pra resistir. Primeiro, ela é emocionantemente bonita, depois a história de Joana D'Arc me toca profundamente.
Saindo da igreja, fui ver o outro lado da praça, que é bem mais leve! Tem um belo gramado, uma fonte numa das laterais da igreja e resquícios de uma outra igreja bem mais antiga, onde o famoso escritor Corneille foi batizado. Além disso tudo, a praça é rodeada de restaurantes e lojas de souvenirs... o que é muito conveniente tanto para os vendedores quanto para os turistas. Para completar, é na praça que fica o Museu Joana D'Arc e, bem perto, o Museu Corneille. Como eu ainda queria visitar o Grande Relógio, resolvi que era melhor deixar os museus para mais tarde, caso desse tempo. Acabei não indo a nenhum, mas fica como desculpa para voltar nessa cidade maravilhosa.
Continuei andando no meu walking tour, e fui para a Place de la Pucelle, a praça da virgem, em homenagem à Joana D'Arc, onde antigamente tinha uma fonte lindíssima (eu vi uma miniatura mais tarde para atestar esse fato), porém, por conta da homenagem, era confundida como o local onde ela foi queimada. Para acabar com a confusão, resolveram ser muito práticos: eles tiraram a fonte. Mas a praça ainda vale a visita, ainda mais na primavera, pois os canteiros ficam repletos de flores de todas as cores, e lá só tem prédios antigos lindíssimos! O mais famoso deles, o Hôtel de Bour Theroulde, infelizmente estava em obras... mais uma razão para visitar novamente Roen no futuro!
Finalmente me dirigi ao famoso relógio! Que não só é belíssimo, como é enorme! E dá pra ver as horas à distância, o que é muito facilitado pelo fato do relógio só ter um ponteiro... mas também, isso já é fantástico se pensarmos na época em que ele foi construído: século XIV!!! E além de mostrar as horas, ainda é um relógio astronômico, pois mostra a fase da lua e o dia da semana! Para caber um relógio desse tamanho, foi necessário colocá-lo numa espécie de arco entre duas torres, sendo que uma delas contem os sinos que marcam as horas, e a construção toda é belíssima, cheia de detalhes que remetem aos símbolos da cidade e do catolicismo. Numa das torres ainda tem uma fonte muito simpática, feita em homenagem ao Ludovico XV.
Depois de me satisfazer com as fotos externas, paguei a entrada e fui conhecer o relógio por dentro. Você entra por uma das torres, que hoje abriga um museu muito interessante, que você visita com um audio-guia (já vem incluído no preço da entrada, afinal o espaço é limitado para se manter guias e grandes placas explicativas). O museu fica na antiga casa do "relojoeiro", isto é, do responsável por manter o relógio funcionando. É uma boa aula de história, pois eu não sabia que antigamente não era qualquer cidade nem qualquer um que podia ter um relógio astronômico, e caso tivesse, ainda não era qualquer um que podia fazê-lo soar as horas! Aparentemente havia uma regra bastante rígida sobre a importância das cidades que dizia qual podia e qual não podia ter um relógio...
Mas esse Gros Horloge em específico é um dos mais antigos da Europa, e é o mais antigo que ainda está em funcionamento! Apesar de ser construído no século XIV, os símbolos utilizados para mostrar os dias da semana são os deuses gregos que deram origem aos nomes de cada dia! Como você só consegue ver um dia de cada vez no relógio, há uma réplica para os visitantes admirarem dentro do museu de todos os dias. Além disso, o museu inclui toda a máquina desse mostro (pois depois de você ver o tamanho da máquina se chega a conclusão que só pode ser um mostro), e os sinos! Que ,obviamente, são precedidos de um aviso enorme de "não chegue perto caso estejam tocando para você não ficar surdo", que ficam no ponto mais alto da torre-museu. Como brinde você pode visitar a parte externa da torre para uma vista alucinante da cidade. Alucinante mesmo! O espaço para você andar é tão diminuto que eu fiquei muito feliz de ter terminado a bateria da minha máquina e ela não ter registrado todos os palavrões que eu disse olhando para aquela cidade maravilhosa, mas que daquele jeito me fazia me borrar de medo. Mesmo assim eu dei uma volta completa na torre! Só para dizer que eu fiz!
Saindo da torre maldita, me sentei um pouco ao lado dos sinos para me acalmar, e então saí do museu, já recomposta, e voltei à praça da Catedral para finalmente devolver meu audio-guide. Eles dizem que dá pra fazer esse walking tour em 3 horas, mas isso é uma grande balela! Ainda mais se você for andando com calma e tirando fotos das coisas interessantes, que são muito abundantes! Devolvido o aparelhinho, vi o maldito trenzinho que eu queria ter pegado no início do dia. Como eu ainda tinha um pouco mais de uma hora para gastar, resolvi pegá-lo. O que foi um erro. Esses trenzinhos são muito mais legais como uma primeira vista da cidade mesmo, depois que eu já tinha visto tudo, e ainda por cima com comentários, aquele passeio fui muito chatinho...
Terminado o passeio, eu ainda tinha alguns minutos, então resolvi procurar um supermercado para comprar água antes de ir para a estação de trem. Como Murphy funciona no mundo inteiro, acabei me perdendo nessa procura, justamente numa parte da cidade que não tinha no meu mapa! Mesmo assim, como eu ainda tinha algum tempo resolvi me arriscar, o que foi bom, pois acabei por achar um supermercado! Comprei minha água pelo preço mais justo possível em euros, e de quebra ainda cheguei a tempo na estação! UFA!
Apesar de eu ter pegado o trem na hora, ele chegou atrasado em Paris... mais um atraso francês na minha conta! O que me deixou muito chateada... mas depois do que me esperava no dia seguinte seria fichinha... de qualquer forma, eu ainda não sabia disso, então me dirigi ao meu hotel, passando no cyber café 24h no caminho, para arrumar a minha mala pro dia seguinte, que seria muito cheio, pois além de visitar Chartres, eu ainda pegaria um trem para Bruxelas junto com uma amiga minha que me encontraria na estação. Depois de arrumar a mala, comi uma quantidade absurda de pistaches, o que consistia no meu jantar, e fui dormir exausta. Para completar o "dia", meus pais me ligaram no meio da noite... mas eu estava tão cansada que nem me lembro o que eu disse pra eles.